O ecossistema das startups no Brasil sem dúvidas amadureceu bastante nos últimos anos e, com isso, nos acostumamos a ler de forma frequente sobre listas como “25 startups para ficar de olho”, ou infográficos sobre o tema mencionando que “a maior empresa de hospedagem não possui hotéis, etc..”. Não tão distante vimos a velocidade com que a Loft se tornou um unicórnio, por exemplo.
Há alguns anos atrás a Vehuiah Consult assessorou 2 startups e, assim, realizamos trocas de e-mails, calls, video conferências e reuniões com diversos profissionais que trabalham em fundos de venture capital no Brasil. E das diversas lições aprendidas, além do óbvio, listamos abaixo:
Seletividade: Os fundos de investimento de venture capital são altamente seletivos em suas escolhas. Em média, costumam analisar aproximadamente 2 mil startups para investir em no máximo uma dezena. O capital é escasso! Nem sempre uma boa startup irá conseguir levantar recursos, já que outras consideradas melhores podem estar à frente na prioridade dos investidores.
Time: Ter um bom negócio não é suficiente. O time de fundadores é muito mais importante do que se imagina na avaliação. O ideal é que haja ao menos um sócio especializado no mercado de atuação da startup e um sócio especializado em tecnologias relevantes para o negócio. Todos trabalhando exclusivamente para a startup.
Experiência Empreendedora: Considerando a experiência passada do time de fundadores, é sempre preferível que um ou mais fundadores já tenham tido outros negócios no passado.
Tamanho e Tração: A maioria dos fundos de VC buscam empresas com tração e certo nível de faturamento, crescendo 2 a 3 vezes de tamanho ao longo do ano, no mínimo! Para começar a jornada com a maioria dos fundos de VC no Brasil, a empresa deve estar faturando ao menos 200-300 mil reais por mês.
Valuation: A avaliação por fluxo de caixa descontado é pouco relevante para os fundos. O valor do negócio é baseado em múltiplos de empresas comparáveis quase sempre. Caso não haja dados disponíveis e o empreendedor ache importante ter alguma métrica de valor, certifique-se de utilizar uma taxa de desconto ao acionista (Ke) de 50% a 70% ao ano (Damodaran). Caso contrário, seu valuation certamente estará muito acima do que o mercado paga.
Escalabilidade: Sua solução precisa ser altamente escalável e estar inserida em um grande mercado. Nesse sentido, as empresas de software levam grande vantagem junto aos fundos de VC quando comparadas a empresas relacionadas a “Hard Assets”. Além disso, há uma grande preferência por B2B em detrimento ao B2C
Timing: Timing é tudo. Este é considerando um dos principais fatores de sucesso de uma startup. Ser o primeiro do mercado é uma grande vantagem competitiva. E ninguém quer entrar em um mercado já saturado.
Localização: Em estágios iniciais, os fundos de VC preferem investir em empresas cuja localização é próxima e facilmente monitorável, apesar disso não ser essencial em muitos casos.
Liderança de Mercado: No mundo digital há uma crença muito grande de que “The Winner Takes All”. Ou seja, mova-se rápido e esteja sempre captando recursos para liderar o seu mercado.
Concorrência: A maioria dos fundos não está nada disposta a concorrer com grandes players.
Métricas: A principal métrica de uma startup devem ser a relação entre o custo de aquisição de clientes (CAC) e o Lifetime Value (LTV). A regra é simples: CAC < 3 vezes o LTV para ser bom.
Lead Investor: Ter um fundo interessante como Lead Investor é muito interessante para validar o seu negócio e aumentar o tamanho do round de captação junto a outros fundos. Busque entender quem pode te apadrinhar.
Introduções: Antes de bater na porta de algum VC, procure em sua rede alguém que o conheça e peça para ser apresentado. Ser indicado sempre é melhor.
Cap Table: Cuide da sua estrutura de capital acionário. Os fundos dão preferência às empresas cujos sócios fundadores detenham pelo menos 80% das ações em uma captação de Seed / Series A.
Tamanho da Rodada: Na maioria dos casos a rodada típica que os fundos buscam nas primeiras fases gira entre R$ 1 milhão e R$ 5 milhões para 20% a 30% de participação acionária.
Alternativas: O dinheiro dos fundos de VC é muito caro. Busque alternativas para financiar sua startup com dívidas ou bootstrap (capital próprio) – procure um fundo de Venture Debt em detrimento ao equity crowdfunding para não diluir sua participação acionária.
Por último, "move fast, break things"
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